Mario Montesano Montessori
Mario Montesano Montessori foi o porto seguro de Maria Montessori na estruturação e disseminação de seu método educacional.
Mario deixava a genialidade de sua mãe livre para observar o desenvolvimento da criança e para criar o ambiente e os materiais de desenvolvimento, enquanto estruturava a disseminação desse conhecimento.
Mario não se surpreendia com as descobertas de sua mãe, intuitivamente ele as compreendia e estava pronto para esquematizá-las. Mãe e filho se complementavam.
Em 1929, Mario e Maria fundaram a AMI – Associação Montessori Internacional, para supervisionar as atividades das escolas de todo o mundo e fortalecer a formação docente. Conduziram treinamentos e conferências nos Estados Unidos, Itália, Espanha, Holanda, Índia, Inglaterra, Escócia, Alemanha e França.
Graças aos esforços de Mario, hoje o método Montessori está presente em todos os continentes, em mais de 100 países.
Texto de Marilena Henny sobre Mario M. Montessori, seu pai: Mario M. Montessori – um homem simples e inocente. Um homem extremamente generoso, tímido e exuberante. Um homem contemplativo, mas ativo. Um homem que amou a vida com intensidade, mantendo o espírito jovem até o dia de sua morte.
Ele amava a Terra, seus mistérios e criaturas. Amava o céu, o sol, as nuvens, a lua e as estrelas. Amava o vento, as tormentas e o mar. Amava cavalgar, remar e nadar. Estava sempre impecável, gostava de boas roupas, e em sua juventude levantava comentários com seus chapéus e coletes vistosos e extravagantes. Ele adorava dar presentes extravagantes – nunca uma rosa, mas sim sessenta! Ele amava a boa comida, amava cozinhar, gostava de beber e fumar. Apreciava mulheres bonitas, músicas e canções: não havia nada de muito admirável nele, a não ser a sua escolha de levar uma vida admirável.
Mario nasceu educador. Ele amava as crianças, especialmente os bebês, aos quais chamava de fabricantes de milagres e com os quais mantinha longas conversas, com os olhares dos recém-nascidos fixos em seus lábios acompanhando suas palavras com fascínio.
Mas todos esses amores não eram nada comparado ao amor que ele tinha por sua mãe e seu trabalho. Um amor que o abarcou e dominou toda a sua existência. Sua dedicação a ela foi uma escolha livre e consciente, nada relacionada a um apego mãe-filho. Afinal, ele se aproximou e foi viver com sua mãe aos 15 anos – tarde o bastante para uma ligação subconsciente com o Complexo de Édipo. Ela não teve interferência em seu período de Mente Absorvente. Não poderia existir nenhuma dúvida, de ambos os lados, sobre a incapacidade de cortar o cordão umbilical. Ele viveu por ela, com ela, mas não através dela. O mais surpreendente sobre este homem, que não teve um percurso escolar ou acadêmico formal, era a clareza que tinha sobre a total compreensão do funcionamento da mente de sua mãe. Sua inteligência intuitiva e abertura de espírito lhe permitia acompanhar os saltos quânticos de sua mãe em todas as dimensões – às vezes alcançava a visão antes dela, permitindo que ela fosse ainda mais além. Nada que ela deduzia, desenvolvia ou indicava o surpreendia.
Graças a ele, Maria nunca sofreu a solidão comum aos gênios, nunca se tornou estática. E ele não era apenas uma brilhante caixa de ressonância para as suas ideias, ele a ajudava a torná-las mais claras, dava forma a elas, permitindo que sua mãe continuasse desenvolvendo sua obra singular até o fim. À medida que Maria envelhecia, Mario assumia cada vez mais sua carga de trabalho, organizando cursos, avaliando os alunos, estruturando o ensino da metodologia (materiais de desenvolvimento, vida prática, etc). Ele se ocupou de todos os detalhes e das situações imprevistas nos cursos e treinamentos.
Poupando Maria dos detalhes práticos, Mario permitiu que ela se concentrasse essencialmente em seu trabalho criativo. Ele propunha a ela novas ideias e reflexões, e não apenas contribuições complementares. Ao longo dos anos, a cumplicidade entre os dois se tornou total. Sem Mario, Maria poderia ter caído na frustração pela falta de compreensão, poderia ter recuado buscando um isolamento espiritual, incapaz de lutar sozinha para preservar a pureza e a essência de seu trabalho.
Através da compreensão, do entusiasmo e da crença de Mario na importância de sua visão cósmica para a formação do homem integral, ele se tornou um pilar do seu trabalho. Ele continuou a sua luta após a sua morte. A despeito de toda descrença, disputas por poder, conflitos de interesses, ele continuou a sua luta pela criança – a criança, o adulto, o ser humano.
Mario M. Montessori, meu pai, foi um homem extraordinário.
Marilena Henny
Fonte: ami-global.org